Desalento
Mauro Pereira
“Se alguém perguntar por mim,
Diz que fui por aí”
Levando urna solidão
No coração.
Diz que não saí chorando;
Que não saí cantando.
Diz que, apenas, saí por aí,
Levando uma solidão no coração.
Diz que não vou parar
Em nenhum boteco,
Pois o meu caneco
Já se encheu de mágoas.
Diz que não terei frio
Nesta madrugada,
Porque meu abrigo
É a solidão
Que levo comigo
No coração.
Diz que vou voltar.
E que amanhã bem cedo,
Já passado o medo
De ter de chorar,
Estarei sorrindo,
Pois que uma saudade
Tomará o lugar
Desta solidão
No meu coração.
Brasília, 27/08/1985.
P/Alguém