E S B O Ç O S
Mauro Pereira
Às vezes paro, em meio à labuta
de seres encarnados, desleais.
Minh'alma estaca, ante a tanta luta
e atos vís, por causas tão banais.
Em meu vagar me ponho à escuta,
onde deixei uns sonhos nos varais.
Vejo-os ali, como no galho a fruta
que aguarda a apanha ou apodreçe e cai.
Eu, que os sonhara inda muito moço,
Não deu-me folga a enxada... a correria...
Criei meus calos e abortei uns sonhos.
As trilhas que hoje, em meu rosto exponho,
Fazem-me triste a os deixar no esboço,
Mas grato por os ter sonhado, um dia.
Patos de Minas, 19/11/2020