TEMPOS DIFÍCEIS
Mauro Pereira
Por algum tempo fui o teu vigia;
Quem te esperava à porta das boates;
Quem, sobre os ombros, te levava ao catre,
Escada acima, ao voltar da orgia.
Por todo o tempo quis ver alegria
No rosto teu, que só mostrava o embate,
Entre o mister diário e o biscate;
Entre um assédio e a teimosia;
Entre o humor cruel e a ousadia;
Entre o que alivia e o que prensa
Entre devassa ser e ser família;
Agora, enfim, deixaste a passarela!
De mim não mais carece, da presença.
Tornei-me um barco sem timão e velas.
Uberaba-MG, 31/03/2021
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